terça-feira, 16 de maio de 2017

Migalhas de amor (Tony Lopes)

Migalhas esquecidas de um amor que não existiu
Estão espalhadas como pó pelos quartos
E pelos quatro cantos daquele coração
São restos de algum sonho de quem não dormiu
Que vão se dissolvendo como uma vela
Abandonada antes mesmo de findar a oração

O vento uiva pelas frestas e pelas fechaduras
Aprisionando a dor a uma velha moldura
Pendurada e esquecida em algum canto escuro
São imagens que se formam como uma gravura
Que ainda vai ser feita por alguém
Tão logo o presente se transforme em futuro

A tempestade ilumina a penumbra
Como um farol a guiar uma nau perdida
Mas entre tantos sobreviventes só há um morto

Apenas aquele que desejou retornar ao velho porto

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