segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Zona de conforto (Tony Lopes)

Preciso do risco
Do riso incerto do palhaço
Preciso do grito
Do susto no salto do trapezista
Preciso disso
Do medo que perdi por cansaço
Preciso dizer
Do passo discreto do equilibrista

Preciso do ohhhhhhh
Da plateia ao ver o leão enfurecido
Do pavor
Dos olhos do domador acuado
Preciso da duvida
Do alvo em frente ao atirador de facas
Da angustia
Da moça que terá o corpo cortado

Preciso da magica que tudo transforma
Embaixo  da lona do circo
E no fim
Escolher qual mesmo é a melhor
Zona de conforto.


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Sobre o amor (Tony Lopes)

Aquelas linhas tortas que escrevi naquele velho pedaço de papel sujo com os restos do que a sua vida fez a mim. Merda. Merda sua. Merda minha. Nada presta. Só o gosto do vinho barato de ontem misturado com as sobras do seu vomito na minha boca. Amor. Isso que alguns creem mesmo sem nunca terem experimentado. Amor. Uma foda apenas e você acredita que agora tudo mudou. Eu não mudei. O mundo não mudou. Só você ainda acredita no amor. Adeus volte a sua solidão e me deixe aqui muito bem acompanhado com a minha.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Se eu fosse um poeta (Tony Lopes)


Se eu fosse um poeta
Amável e sensível
Talvez eu fosse alguém


-Se eu fosse uma porta
Nunca abriria


Se eu fosse alguém
Odiável e imprevisível
Talvez eu fosse um poeta


-Se eu fosse uma porta
Apodreceria

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Tinhoso (Tony Lopes)

Você é como o tinhoso
Que só entra onde é chamado
Mas cobra muito caro
Por cada nó desatado

È assim meio demoníaco
Meio capeta meio sagrado
Mas sempre parece educado
Ao me  observar  calado

Você é como ele
Que sempre aparece quando é evocado
Que faz todo tipo de pacto
E nunca cumpre o que foi acordado


terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Ninho das cobras (Tony Lopes)

Apesar das picadas E do veneno
Das armadilhas E do descaso
Apesar das mentiras E das injurias
Dos tropeços E das promessas

No ninho das cobras Sobrevivi
Mas deixei em troca Um pouco
Do que me roubaram:

O amor e o desejo
De seguir...

(Eis aqui a formula

Do meu antidoto)

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Como um animal (Tony Lopes)


Tratado como animal
A ferro e bala
Sem chance de resistir
Simplesmente se cala

Olhos cabisbaixos
Fitam o chão da sala
Impedido de reagir
Apenas se cala

Nesse duelo imaginário
De mocinhos e bandidos
Todos saem perdendo
Todos estão perdidos


E no fim um estampido ecoa
Manchando sem dó a realidade
Sangue no peito atoa
Pouco importa quem foi o covarde

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Samba da contradição (Tony Lopes)

Pode sorrir agora
Estou no chão
Mas não espere de mim
Nenhum pedido de clemencia
Vou sofrer
Perdi a razão
Mas não siga meus passos tortos
Nessa vil violência

Sei que já te fiz chorar
Mas agora vou partir
Se um dia machuquei teu coração
Agora é o meu que vai ruir

O amor é uma contradição
Quem ontem amou
Hoje não ama mais não
E nessa triste loucura
Umalagrima que cai
Não sabe mais

Por quem procura.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Outros olhos (Tony Lopes)

Outros olham os olhos como se fossem seus
Olham os outros olhos como se fossem seus
Os outros olhos olham como se fossem seus
Olham os olhos como se outros fossem seus

Seus olhos olham os outros como se fossem seuS
Seus olhos olham os outros como se fossem seuS
Seus olhos olham os outros como se fossem seuS
Seus olhos olham os outros como se fossem seuS

Outros olham os olhos como se fossem seus
Olham os outros olhos como se fossem seus
Os outros olhos olham como se fossem seus
Olham os olhos como se outros fossem seus




quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Nada aqui (Tony Lopes)


Os trovões não cabem mais dentro de mim
Estou cheio dos ecos de antes
Alguns passos
Atrás

Os clarões ofuscam o que não quero ver
Estou cego pelas lanças
Que atiram
De lá.

Enquanto o mundo gira veloz
Nada muda aqui
E todos continuam de braços dados

Como seu próprio algoz

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Bicho doido (Tony Lopes)

Nu e só 
Nessa vida torta
Bicho doido
Nada te importa

Cru e só
Perdeu a sua rota
Bicho doido
Agora não tem volta

Bicho doido
Nada mais te detém
Olha na cara do outro bicho
Igual ao que te convém


...Ao que te convém.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

O que você faria? (Tony Lopes)

E se Deus olhasse no espelho
Ao se levantar para o trabalho
Com os olhos ainda inchados
De saudades e do cansaço

E se Deus visse no espelho
As marcas do caminho percorrido
Com a boca ainda seca
E perplexo com o que foi perdido

O que Deus veria refletido?

E se Deus procurasse no espelho
A beleza de tempos idos
Será que entenderia os erros
Por ele mesmo cometidos

E se ficasse em frente ao espelho
Parado como um bom perdedor
Será que enfim ele entenderia
Que foi ele mesmo que impôs a dor

O que Deus faria?

... E você?


O que você faria?

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Poesias (Tony Lopes)



Eu acredito na forma
No   f o r m a t o
No encaixe quase perfeito
Das   i m p e r f e i ç õ e s

Eu acredito na métrica
Na   r i m a
Nos versos quase complexos
Sem   n e x o   ou   e r u d i ç ã o

Eu acredito nas linhas
P a r a l e l a s
Do caderno de rascunhos
Que  quase  e s q u e c i  (em branco)

Eu acredito nos poemas
Nas   p o e s i a s
No ir e vir das palavras
T o  r  t a s

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Deselegante (Tony Lopes)

Deselegante
Não percebe a diferença
Entra na passarela
Sem pedir licença

Deselegante
Ignora os sinais
Atravessa na frente
Das pessoas normais

E posa para fotos imaginarias
Dos paparazzis   
Parece que nunca esqueceu
Dos seus amiguinhos... imaginários

Deselegante 
Vive sozinha e desorientada
Disfarçando a solidão
Na madrugada


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Alto falantes (Tony Lopes)


Não preciso de alto falantes

Para fazer ampliar o meu brado

Basta que os seus ouvidos

Tenham certeza do que eu falo

 

Não preciso de uma multidão

Nem de alguns aplausos frígidos

Bastam os seus doces gemidos

E a coragem para ouvi-los

 

Minha boca pode ser amordaçada

Porque falo com o coração

Bastam apenas que seus olhos

Mirem (sempre) em minha direção

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

O sorriso de Antônio (Tony Lopes)

Meu sorriso
É portátil
Tipo uma ímã de geladeira
Tipo um velho urinol

Meu sorriso
É retrátil
Tipo o teto de um conversível
Tipo assim avesso ao sol

Meu sorriso
É enigmático
Tipo o da Monalisa
Tipo como se conservado no formol

Meu sorriso
É pragmático
Tipo raro de se ver
Tipo como se não pudesse ser melhor