quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Desistir (Tony Lopes)


 

Destruir a logica

Decepar a razão

Dilacerar a ignorância

Desfibrilar o coração

 

Aniquilar o perdão

Anestesiar o amor

Adulterar a emoção

Aprisionar a dor

 

Mandar tudo para o inferno

Mandar tudo para a merda

 

Desistir de insistir

 

Desistir

Desistir

Desistir

 

E insistir em desistir.

 

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

O motor (Tony Lopes)

O coração é um motor
Movido a álcool  e amor
Sempre  em combustão
Queimando  óleo  e   excitação

O  coração  é  uma máquina
Que precisa   de   manutenção

O coração é um motor
Que move  o  peso da dor
Sempre  em  evolução
Sobrevivendo  por  prazer  e    emoção

O coração  é  uma  máquina
Mas  não sobrevive na solidão



 

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Códigos (Tony Lopes)


Compilação sistemática

De leis e normas  

Conjunto de regulamentos legais

Aplicáveis a diversas atividades

 

Sistema para cifrar a escrita

Tornando-a ininteligível

Símbolo para identificar

Integrantes de algum grupo

 

Signos simples ou complexos

Organizados e convencionados

Para possibilitar a construção

E transmissão de mensagens

 

Conjunto de instruções   

Lidas e executadas

Pelos circuitos de processamento

Do computador   

 

Símbolos linguísticos

De um idioma

E das regras gramaticais

Pelas quais se combinam 

 

Códigos

Quais os são os seus códigos

 

 

 

  

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

O inimigo (Tony Lopes)


O inimigo
Esta tão próximo
Que torna-se invisível
Esta tão escondido
Que você não o vê
No espelho

O inimigo
São como as letras miúdas
De um contrato
Onde tudo está escrito
Mas nada
Está realmente explicado

O inimigo te vê
Quando você olha
Para dentro de você

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Nem de graça (Tony Lopes)


Nem de graça
A desgraça que me destes
Não quero mais
Agora basta

Arregaço
Arrombo o muro que erguestes
Eu quero paz
Quero uma visão vasta

Vê se disfarça
E parta com o que me entristece
Pra longe
Bem longe de onde você se arrasta

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Dono da verdade (Tony Lopes)


Fura a fila e avança o sinal

E louco é quem reclama deste boçal

Pensa que está certo e nem pisca

O torto nunca morde a isca

 

Ri dos que ficam sempre para trás

Mesmo quando FORAM enganados

Para ele o certo é tudo

Que ele crê não ser tão errado

 

Ignora as leis que podem puni-lo

Nada atinge seu ego inflado

Aponta o dedo em sua direção

E ainda acha isso muito engraçado

 

Culpa quem faz o mesmo que ele

Se finge de vitima quando o acusam primeiro

Parece que não vê os seus próprios erros

E disfarça ser integro e verdadeiro

 

 

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Dias e dias (Tony Lopes)


Um olho
Cravado
No outro

Dois pregos
Nos pulsos

Três destinos diferentes

A culpa dos que não creem na culpa

Os vários lados
Da mesma história

E depois
Esperar
Dias e dias e dias e dias e dias

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Peixes & iscas (Tony Lopes)


 

Somos peixes

Que morrem pela boca

Ou iscas

Que atraem outros peixes

Que morrem pela boca

De outras iscas

Que atraem outros peixes

Que morrem pela boca.

 

E seguimos assim

Como se estivéssemos

Em um aquário:

Nada, nada e nada...

Pra nada.

 

 

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Envelhecendo (Tony Lopes)


 
Caiu
Franziu
Embranqueceu
Estufou
O ímpeto abrandou
Empacou
Engordou
Perdeu
Envelheceu
 
 
Morreu?
Ainda não.
Ainda bem,
Amém.
 
 

 

 

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Caixinha de fósforos (Tony Lopes)


Tudo que importa

Cabe em uma caixinha de fósforos

Como alguns poemas

Ou as sobras de uns devaneios

 

Tudo que serve

Cabe em uma caixinha de fósforos

Como a fagulha

Que acende uma fogueira de emoções

 

Até o amor

Cabe em uma caixinha de fósforos

No encontro dos palitos

Ou no compasso de um tango,

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

De proveta (Tony Lopes)


Arranco a cabeça
Do bebe de proveta
Que provem
De outro útero.
 
Nem mal nem bem
 
Da buceta de outrem
Nem de mim
Ou de você
Nem de ninguém.
 
Nem bem nem mal.

 

 

 

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Carrossel (Tony Lopes)


Girando a cabeça dentro de um liquidificador

Processando o resto das sobras e dos excessos

Aglutinando algo maior que o próprio caos

E destilando o que ainda não é tão perverso

 

Aliviando a cabeça em uma maquina de lavar

Providenciando algo que seja mais concreto

Limpando os rastros e as marcas visíveis

E abandonando sem dó o que não é correto

 

Vou girando como um carrossel alucinado

Sem precisar entender

Vou rodando com um carrossel endiabrado

Sem precisar entender

 

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Um desacerto (Tony Lopes)


A solidão é um tiro no peito

Uma dor quase eterna

Uma tristeza sangrando

Uma hemorragia interna

 

A solidão é uma infecção

Uma doença Contagiosa

Uma bactéria letal

Única e perigosa

 

A solidão é uma ambulância

Perdida na madrugada

Cortando a avenida

Avida  e desesperada

 

A solidão é essa espera

Que nunca acorda

Frágil a observar

A cabeça presa em uma corda