quarta-feira, 29 de abril de 2015

Durma tranquilo (Tony Lopes)


Arrote sua raiva
No umbigo da noite
Vomite sua ira
No pinico do mundo

Todos est
ão errados
Todos est
ão errados

Arranque os dentes
Do seu opositor
Corte o pesco
ço
Do seu inimigo

Todos est
ão errados
Todos est
ão errados

Vingue-se  
Delate o seu delator
Vingue-se  
Estrangule o malfeitor

Todos est
ão errados
Todos est
ão errados

(E v
á dormir tranquilo)

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Remendo (Tony Lopes)


Se não cicatrizou ainda
Coloco durex
Ou cola tenaz
 
Só não diga que não tentei
Porque  foi fundo demais
O corte que você fez

sexta-feira, 24 de abril de 2015

O que devasta (Tony Lopes)


Sou um monte de fracassos

Reunidos em uma canção

Um pedaço do equívoco

Uma parte da equação

Uma agulha no palheiro

Sou a chuva que devasta no verão

 

Sou a ponte em pedaços

Unindo o sim e o não

Uma pedra no sapato

Uma inoportuna visão

Um pedinte no sinal

Sou o avesso de qualquer perdão

 

Sou uma presa do laço

Que entorpece a multidão

Um touro na arena

Uma tola diversão

Um palhaço sem o circo

Sou no fundo quem devasta a razão

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Post 500

a arte do fracasso
é a arte do tentar
da queda
do coice
e da ressurreição.
a arte do fracasso
é a arte do entrar
do pedir
do falar
e da reinvenção.

Foi assim que comecei esse blog no dia 25/06/2012 as 13:13   
Este é o post 500!

E esse é o movimento da pagina nesse período:

Visualizações de página do mês passado
 814

Histórico de todas as visualizações de página
 30.684

Pra mim tá bom, creia.

Mas vou continuar...

Se você já passou por aqui, obrigado.

e volte sempre.



sexta-feira, 17 de abril de 2015

Retorcido (Tony Lopes)

O meu corpo é uma carro desgovernado
Em inevitável rota de colisão
Veias são ferros retorcidos
Vitimas do impacto com a falta de razão

Largado a margem de uma velha rodovia
Abandonado como um pobre cão
Latidos e gritos se misturam
E o breu da noite é uma assombração

De tão veloz agora jaz partido
Tipo aquele perdido coração
A margem da historia que escreveu
Nas linhas tortas de uma canção

Luzes piscam aceleradas
E a s sirenes tentam abrir a multidão
De almas que vagam ansiosas
Para saber se no final vai ter solução


quinta-feira, 16 de abril de 2015

Os peixes (Tony Lopes)

A liberdade é um peixe no aquário
A liberdade nada
A liberdade não é nada
Quando nada se tem


A liberdade é um peixe no anzol
A liberdade luta
A liberdade é a luta
A liberdade é a luta para se libertar

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Rascunho (Tony Lopes)

Apenas um rascunho
Um rabisco num papel amassado
Algo meio abstrato
Uma obra prima do ângulo errado

Um poema sem rima
Um astronauta perdido no espaço
Poeira na estrada
Uma pedra dentro do sapato

Apenas um sorriso indiscreto
Uma fotografia amarelada por dentro
Algo meio fora de moda
Uma formiga que quer ser o centro

Uma canção que fez sucesso
Dos bons tempos do Roberto
Vitrola quebrada

Uma porta apodrecendo abandonada

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Vulgar (Tony Lopes)

É possível descer ainda mais
Rastejar at
é o fundo do poço
Como um rato que se acostuma
Com o cheiro do esgoto
Ou como um verme que vaga solit
ário mas sempre à espreita

É possível arriscar ainda mais
Se oferecer at
é aos indesejáveis
Como uma velha seringa
Que saboreia o sangue infecto
Para compartilhar sem culpas as suas piores chagas

Sem pre
ço fixo ou falsas promessas
Podemos acertar tudo depois
Se houver gozo ou sobras de alguma paix
ão devassa
Ou se um de n
ós sobreviver
Aos excessos da nossa pr
ópria desgraça

sexta-feira, 10 de abril de 2015

As putas e os seus filhos (Tony Lopes)

Prefiro as putas que agem como putas
Vestem-se como putas
Despem-se como santas
E amamentam seus filhos com sua força bruta

Prefiro os filhos das putas que honram suas mães
Os que se orgulham da sua nobre luta
E que nunca viraram a cara pra quem lhes deu os pães

Prefiro as putas que sabem sorrir das dificuldades
As que conseguem trepar com intensidade
As que fingem gozar só para satisfazer seus clientes
As que se doam como se fossem dementes

Odeio apenas os filhos das putas que não honram as suas mães
Que viram a cara para elas

E fingem ser melhores do que realmente são.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Síndrome de Riley-Day (Tony Lopes)

Há uma desordem no meu sistema nervoso
Estou insensível à dor
Incapaz de produzir lágrimas
Eu não consigo mais comer.

Vômitos
Apneia
Convulsões
A dor nunca me manda avisos

Há uma desordem no meu sistema nervoso
Sou indiferente à dor
Não existe uma cura possível
Preciso de sua proteção.

Vômitos
Apneia
Convulsões
Eu não escuto os avisos da dor.



domingo, 5 de abril de 2015

olhos de pára-brisa (Tony Lopes)

Meus olhos de pára-brisa
Não suportaram o impacto 
E estilhaçaram 
Como pétalas de plástico 

Cacos do meu juízo
Arrebentaram o espelho retrovisor 
Como balas
Que erraram outra vez a direção 

Assim uma manhã cinza 
Abriu as pernas para a dor
E amanhã 
A vida seguirá sinistra

Com sangue 
Cicatrizes
E um pouco menos
De cor.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Um palavrão (Tony Lopes)

O beijo é um murro
No desamor
Um coice
Na estupidez


O beijo é o oposto
Da solidão
A outra face
Da insensatez

O beijo é o encontro das almas
No meio do furacão
O antídoto da dor
O recheio de uma imensidão


Um beijo é tudo!



O beijo não é um palavrão!