quarta-feira, 30 de julho de 2014

Ainda acuados (Tony Lopes)


Temos medo

 E a certeza do que ele nos trás

 Temos ódio

 E a clareza que não queremos mais

 Estamos acuados

 Soltos na selva dessas capitais

 

Temos ideias

 E a nobreza dos animais

 Temos beleza

 Mesmo não sendo todos iguais

 Estamos acuados

 Presos nos nossos próprios quintais

 

Nas jaulas ilógicas desses jardins

 As feras estão soltas

 Enquanto nos reprimem

 E nos impõe verdades tortas

 São sempre novos crimes

 A bater na nossa porta

 

O que nos faz ser livres

 É a vontade de apenas ser

 Apesar de cercados de hipocrisia

 Ainda podemos sobreviver

 Longe das mordaças

 E dos ignorantes que pensam em nos deter.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Foi ontem (Tony Lopes)


O que fazer com os restos

Das alegrias de ontem

O que dizer das sobras

E daquelas lembranças

Se agora não há mais nada

Para se orgulhar.

 

O que fazer com as dores

E incertezas de ontem

O que dizer da angustia

E das duvidas

Se agora não há mais nada

Além de remorso.

 

Apesar do gozo

E dos risos frenéticos

Não ficaram marcas

Nem sinais de algo

Que valha a pena

Guardar na memoria.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Ignorado (Tony Lopes)


Não tenho mais amigos
E até os inimigos me abandonaram
Sozinho e desesperado
Onde estão os que antes me adoravam?

Não tenho mais pretextos
Nem motivos para seguir resistindo
Vazio e ignorado
Onde irão os sonhos que antes eu guardava?

Poderia buscar ajuda nos templos
Ou nos balcões imundos de algum bar
Mas aonde deus pode estar escondido
Eu não ouso mais entrar.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Uma justiça para cada um (Tony Lopes)


Não vou expor as vísceras
Nem crucificar ninguém
Não vou limpar imundices
Nem enforcar o “bem”
 
Cada um que peça justiça
Ou que faça com a própria mão
 
Não vou apontar o dedo
Nem berrar “pega ladrão”
Não vou fingir vergonha
Da minha própria nação
 
Cada um que faça justiça
Ou no fim que peça perdão
 
Não sei se isso é sensato
Mas acho que tenho razão
Não sou obrigado a concordar
Eu nem pedi a sua opinião.
 
Cada um que ignore a justiça
Ou faça valer a lei do cão.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Tenho a solidão (Tony Lopes)


 

Nada me falta

Quando tenho a solidão

Ao meu lado

E um copo do veneno

Que eu tanto venero.

 

Nada me falta

Quando penso em vão

E vago

Absolutamente inerte

Pelas madrugadas frias.

 

Nada me falta

E tudo que tenho

Não basta

Não presta

Não serve pra mim.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Não lembro (Tony Lopes)


Eu não me lembro

Da ultima vez que te esqueci

Nem como fiz

Para voltar a me lembrar

 

Mas nunca esqueço

Do último beijo que te dei

E tudo que sei

É o que aprendi ao errar

 

Talvez eu não lembre

Como pude te esquecer

Mas pode crer

Sempre darei um jeito para lembrar

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Jesus Cristo (Tony Lopes)


Não acredito mais em Jesus Cristo

Não acredito mais que eu existo

Não acredito mais nesse mito

Não acredito mais ...

Eu desisto:

 

Desisto de ter fé

E de seguir qualquer crença

Eu desisto de aceitar

Algo que não me convença

 

Não acredito mais em Jesus Cristo

Não acredito mais no maldito

Não acredito mais no bendito

Não acredito mais...

Eu insisto:

 

Insisto em duvidar

Em tudo que tentaram me impor

E insisto em ficar

Lambendo a minha própria dor.

 

 

segunda-feira, 14 de julho de 2014

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Vida bonita (Tony Lopes)


Se hoje a sua boca apenas vomita

Um dia ela fez a minha vida bonita

Antes de mergulhar nesta triste rotina

De se ajoelhar para uma latrina

 

Se hoje a sua boca apenas me evita

Saiba que um dia ela fez minha vida bonita

Antes de afundar em águas barrentas

De se abençoar em lâminas sangrentas

 

Se hoje a sua voz parece aflita

Saiba que agora é o fim da pista.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

No meio do caos (Tony Lopes)

Em meio ao caos
Bem no olho da tempestade
Aonde o medo é o farol
E a esperança uma necessidade
 
Pisando em arame farpado
Com a alma e os pés descalços
Olhos semiabertos focam
A ilusão e os seus percalços
 
A dor abrupta e traiçoeira
Aponta a sua espada cruel
No centro do coração
Que sangra com o seu fel
 
E nada visível ou invisível
Pode explicar a sensação
Que invade impiedosa
A face desse pobre Cristão
 
Sem pecado aparente
Perdido entre o céu e o chão
Esperando crucificado
A hora da ressurreição.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

A sombra de Cash (Tony Lopes)


Queria ser a sombra de Cash

E vagar solitário pelas entranhas

Da noite suja.

 

Queria ser os lábios de Jagger

E beijar as bocas banguelas

De tontas mulheres.

 

Queria ter a elegância de Cohen

E desfilar meus fracassos

Nas passarelas imundas.

 

Queria ter os olhos de Bowie

Que assim como os meus Abstraem

Uma possível cegueira.

 

Queria ter a arrogância de Rotten

Para blasfemar, praguejar e destruir

Os que me ignoram.

 

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Coleção de defeitos (Tony Lopes)


 

Minha coleção de defeitos

Tão perfeitos

Sobrepõe as minhas bondades.

São esses defeitos

Insuspeitos

Que compõe algumas meias verdades

 

Nas prateleiras sujas   

Conservo os meus piores erros.

 

Minha coleção de defeitos

Tão sinceros

Não se opõe aos meus anseios.

Esses velhos defeitos

São etéreos

Sobreviventes dos meus devaneios

 

Nas prateleiras onde adormecem

Minhas adoráveis aberrações

Reservo um cantinho para guardar  

Alguns futuros possíveis acertos.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Atire-se (Tony Lopes)


Pequenas coisas podem mudar o mundo

Basta apertar o gatilho e deixar a bala fazer o resto

Depois é só esperar a queda

E o seu fim.

 

(você poderá não saber o que vai acontecer, mas o mundo sorrirá)