sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Inteira (Tony Lopes)

Metade de você em uma mão
A outra no meu coração
Parte de você na minha boca
A outra não tem perdão
Ou fica dentro de mim
Ou não ponho a outra mão.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Na medida (Tony Lopes)


Vivo e me divirto com a minha própria estupidez

Não preciso de conselhos

Ou de sermões

 

Passo e repasso e não deixo marcas no chão

Não possuo inteligência

Nem sigo as convenções

 

E quando olho um pouco para trás eu vejo coisas

Que não sei se valem mais

Mas que estão lá.

 

Quantos acenos e tapinhas nas costas podem dizer

O real valor de alguém

Com o meu perfil

 

Sei que é difícil viver com tantas obrigações

Pior será quando morrer

E não deixar nenhum refil

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

O dobro da metade (Tony Lopes)

Metade das sobras da minha dor
Metade das sombras de um amor
Metade das dobras do meu suor
Metade das datas que não tem sol
 
Eu duplico as contas e acho que já perdi bastante
Eu multiplico as contas e sigo mais adiante
E nada que tenho ou que ainda vou ter
Traduz em quantidade o que eu nunca vou poder ver
 
Metade de tudo que me faz sofrer
Metade de tudo que faz doer
Metade das cores que cegam a visão
Metade das flores com espinhos ou não
 
Eu triplico a fatura e o saldo é negativo
Eu insisto nos cálculos e o resultado é infinito
E nada que quero ou que eu possa querer
Reduz a vontade de ter tudo que não posso ter.
 

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Morrer é simples (Tony Lopes)

Morrer deve ser bem simples
É só fechar os olhos e deixar-se ir levemente
Quase como o sono no final da tarde quente
Ou o adormecer aconchegante em uma noite fria
 
Morrer deve ser bem simples
É só deixar de sonhar e desistir suavemente
De tudo que um dia você almejou
Ou de tudo que nunca conseguir obter
 
Morrer deve ser bem simples
É só ver que os que partem não voltam
Nem se arrependem de ter partido
E não choram como os que ficaram
 
Morrer deve ser bem simples
Vamos tentar?
 

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Pode (Tony Lopes)

 
 
Pode parecer silencio
Calma
Exclusão
Pode parecer ausência
Nada
Exaustão
Pode parecer vazio
Inerte
Sem ação
Pode parecer inocência
Timidez
Falta de emoção
Pode parecer frio
Largado
Sem razão
Pode parecer reflexo
Sombra
Escuridão
Pode parecer complexo
Lembrança
Escravidão
Pode parecer tudo
Nada
Negação
Pode parecer nada
Tudo
Aceitação
 

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

WV Blues (Tony Lopes)

       His face of evil
Almost scares me
But all you have
It is in a VW

The way stupid
I almost overshadows
But all you have
It is in a VW

Get out / take a turn / walk away

Do not insist / I suggest / take the runway

His weapon has bullet
His aim is too short
All your rebellion
It is in a VW

You lost the map
Now there's no more searching
All your cunning
Fits in a VW.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Se soubesse (Tony Lopes)

 
 Se eu soubesse aonde ir com certeza não iria
Sou como bala perdida e não escolho a vitima dos meus desatinos
Mas procuro nas sombras da minha insignificância
Algum sentido que me tire de onde estou
 
E sendo assim tudo tão fora da ordem natural
Prefiro optar pelas duvidas que movem os meus instintos
Sem me preocupar demais com os inevitáveis  erros
Filhos legítimos da minha total insensatez
 
No altar onde repousam deuses sem vida
Deve existir um lugar reservado para mim
Porque eu vejo nos olhos refletidos no espelho
Um pouco da verdade que muitos ousam duvidar

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Nunca te odiei (Tony Lopes)


Antes de estourar os seus miolos
Vou deixar tudo bem claro
Eu nunca te odiei.

Depois de estourar os seus miolos
Vou largar tudo pra deixar  tudo bem claro
Eu nunca te odiei.

E no inferno que você for
Pode acreditar que o que ficou aqui é bem pior
E saiba que eu nunca te odiei.

Mas se por acaso você resistir
E respirar alguns segundos a mais
Saiba mais uma vez que eu nunca te odiei.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Quarto branco (Tony Lopes)

Preso as circunstancias olha as grades sem sentir o peso
E por ser livre pode deixar as algemas soltas
Ali naquele pequeno quarto onde as certezas se encontram

Detido por paredes invisíveis mas indestrutíveis
Vê na tela sem luz as imagens da duvida
E se entrega ao interminável sabor do prazer

Haverá alguém dentro da sua verdadeira historia
Ou apenas vestígios de algo quase imperceptível
De uma mentira que tem cor e cheiro forte.

Com  as roupas e as paredes brancas do quarto
Vislumbra nas sombras solitárias algo em que acreditar
Naquele instante onde a certeza voa com um inseto

Nem janelas nem portas
As prisões que guardam as nossas almas
São totalmente fechadas

E só por dentro da muralha pode ser visto a saída
Que nos levará diretamente ao inicio
Lá onde os dragões farão mais sentido que a lucidez

ilustração by Nelson Magalhães Filho

Morrer no meio das suas pernas
e recussitar no seu útero:
amor eterno

ilustração By Bruno Aziz

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Ao mestre com carinho

Retiro-me a minha insignificância em sinal de respeito ao grande mestre Charles Bukowsky. Parabéns  (16/08/1920)
e um brinde eterno. creia

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Maldita Criatura 2 (Tony Lopes)

Rasga a carne e dilacera a alma
Engole o sangue e destrói a calma
Fria e sinistra desliza no lençol
Devoradora voraz de noites insones.

Oh! Maldita criatura que se apodera de mim

Oh! Maldita criatura que desperta o que há de ruim

Sai
Vai embora daqui
Deixa-me só.

Ruge na cambaleante escuridão

Perpetua o medo secular da profecia

Que não existam mais segredos

Por estas angustiantes noites frias.

Oh! Maldita criatura que se assemelha a mim
Oh! Maldita criatura que me faz assim tão ruim

Vai
Sai a procura de alguém
Que não quer estar mais aqui.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

A fome (Tony Lopes)

A fome dentro da minha cabeça
É você
Fome que me apavora
Fome que chega a toda hora
Quando te vê
Essa fome que me devora
Quer te comer.

Fome que não sacio
Sem você
Fome que me vicia
Fome que vem de fora
De você
Essa fome que quer ficar sempre
Com você.

A fome dentro da minha cabeça
A fome que me consome
A fome de você.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Os Dois (Tony Lopes)


Chegam sempre juntos

Mão na mão

Olho no olho
Não tem erro não.

Riem sempre juntos
Sábios que são
Lábios nos lábios
Sempre com tesão

São dois amantes
Dois amigos
Quase irmãos
São dois errantes
Dois feridos
Sem razão

Seguem sempre juntos
Fugindo de confusão
Driblando os preconceitos
Com determinação

Choram sempre juntos
Bobos que são
Atropelados pelos fatos
Ignorados e sem perdão.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Contra moinhos de vento (Tony Lopes)



Não quero restos nem farelos nem esmolas
Dos estabelecidos
Prefiro deitar com os porcos no chiqueiro
Dos esquecidos
E olhar pelas telhas quebradas
Um céu que ainda guarda muitos mistérios

Não quero patrocínio ou apoio de qualquer natureza
Dos poderosos
Optei por me esconder nas sombras da nobreza
Dos orgulhosos
E poder encarar os olhos dos meus filhos
Antes de me esquecerem em algum cemitério

Tenho preço e sei que muitos podem pagar
Mas prefiro ficar mudo
Tenho medo de um dia não poder recusar
Por isso ergo o meu escudo
E sigo lutando contra os moinhos de vento
Com a certeza que é isso que eu quero.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Já passou (Tony Lopes)

Infelizmente, já passou
O que ontem parecia eterno e importante
Hoje não passa de uma lembrança

Mas não há o que lamentar
Alem do silencio
E das poucas verdades vividas

Felizmente, já passou
O que hoje parecia efêmero e insignificante
Amanhã haverá de ser lembrado

Mas não há o que almejar
Alem do silencio

E das novas verdades a serem vividas

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Nasci em 62, creia




não sei  se em 1962 tinha um assim
mas hoje pela manhã caminhando em itapuã tinha este
o que me faz crer que devo continuar tentando encontrar o meu pote de ouro.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Canções para amestrar macacos (Lucas Rossi/Tony Lopes)


Vou fazer uma penca de canções para amestrar macacos
E esquecer o meu passado de rocks e protestos
Vou ser irônico e sarcástico mas você nem vai perceber
O importante é o swingue que eu vou te oferecer

Vou fazer pose e pular de galho em galho
Tocar em trio e na casa do caralho
Vou comer todas as meninas do pedaço
Porque eu faço musica para arrancar cabaço

Eu vou ser um astro
O rei do brega, do arrocha
Ou de um ritmo de merda qualquer

Mudei de estilo mas eu boto pra fuder

Amando a grana
E idolatrando a mulher.

Vou ser famoso e falar somente asneira
Comer caviar e muita carne de primeira
Os críticos de arte vão ter de me aturar
Porque é o povão que precisa me amar

Marcelo Nova bradou que não iria se render
A este tipo de musica que agora eu faço
Ate entendo o que ele quis dizer
Mas o sucesso é quem enche o meu prato

ps.ilustração by Bruno Aziz


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Não há amor (Tony Lopes)


 Antes de matar
O amor que ainda insistia
Em resistir
Arrisquei uma vez mais
Sem contudo
Obter êxito.

Deixei o cadáver
Apodrecer
E afastei-me
Sem olhar para trás
Com o olor
Da sua desgraça
Penetrando
Nas minhas narinas
Indefesas.

Depois de me entregar
E confessar o delito
Pude enfim
Descansar feliz
Com a consciência tranqüila
E a certeza de ter feito
O correto.

Não há mais amor
Aqui.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Vá tomar no cu (Tony Lopes)


Por onde sai a merda

Por onde entra a lança

Por onde a fúria estraga


Por onde a dor avança


- vá tomar no cu!


Por onde a bosta cai

Por onde a raiva sai

Por onde alguém trai


Por onde o amor se esvai


- vá tomar no cu!


ps. ilustração by Nick Cave

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Dentro da cabeça (Tony Lopes)

Não tem mistério
Apenas um ruído saturado dentro da minha cabeça

Som de trovoada


Não tem angustia
Apenas um ruído maníaco dentro da minha cabeça

Som de revoada


Não tem remédio
Apenas um ruído acido dentro da minha cabeça

Som de descarga


Um ruído que flui magicamente dentro da minha cabeça
Percorrendo os caminhos incertos da razão
Dilacerando as vias estreitas da loucura e da paixão

Não tem dor
Apenas um ruído drástico dentro da minha cabeça

Som de espingarda


Não tem camuflagem
Apenas um ruído esquálido dentro da minha cabeça
Som de retirada

Não tem falsidade
Apenas um ruído lúcido dentro da minha cabeça

Som de madrugada